sábado, 26 de setembro de 2015







Manifestação pelo fim dos abatedouros é realizada na Liberdade

Evento contou com cerca de 50 ativistas

Ativistas do Grupo Frente Animalista Unida (FAU) realizaram no sábado, 26/09/2015, manifestação pacífica em frente à Estação Liberdade do Metrô, em São Paulo.

Portando cartazes, faixas e máscaras de animais, os ativistas proferiram palavras de ordem, como: Não como carne, não uso couro – Eu quero o fim do matadouro; Matadouros o que são? – Campos de Concentração;  Se coloque como igual – No lugar do animal; Tá na hora de parar – Tá na hora de acabar, entre outras, e cantaram a música: Amanhã vai ser outro dia, de Chico Buarque.

As frases foram repetidas diversas vezes durante o ato que teve início às 12h30 e foi até às 14h, inclusive em frente à loja da rede Mc Donalds do local. Vários ativistas se revezaram no megafone para falar sobre o tema, inclusive com a divulgação de dados de animais abatidos no Brasil. “São 35 milhões de bois por ano, 36 milhões de porcos e mais de 5 bilhões de aves”, afirmou o ativista Sergio Levy, em seu pronunciamento.

A proposta evoca o movimento mundial surgido na França em 2012: Fermons les abattoirs e também homenageia o movimento 269, de Israel, que realiza ações impactantes pelo reconhecimento dos direitos animais.

Na manifestação também houve a encenação de abate de dois animais, um boi e um porco, com dois ativistas vestidos de branco, enquanto os demais manifestantes emitiam sons de animais em sofrimento.

Vegana há dois anos, após o impacto dos vídeos A Carne é Fraca e Terráqueos, Valéria Nunes Pereira soube da manifestação pela internet e resolveu participar.

O Grupo FAU surgiu há nove meses na cidade de São Paulo e conta com ativistas de diversas cidades de São Paulo e outros estados. A Frente pauta as ações em todos os campos de uso e exploração dos animais mas prioriza dar relevância e visibilidade a um determinado tema a cada manifestação.

Ana Maria Machado
27/09/15


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Críticas ao ativismo pela causa animal mostram preconceito e comodismo

 

Desprezo pelos animais em geral motiva ataques às ações de defesa e proteção


Está se tornando costumeiro em redes sociais criticar os ativistas e adeptos da causa animal por defenderem essa e não outra causa.

O acidente da carreta com porcos no rodoanel no dia 25/08/15 mobilizou ativistas no resgate e campanha de doação para ajudar nas despesas com os animais levados a um santuário.

Por esse motivo logo começou a circular mensagens desmerecendo a causa como a que fazia a comparação entre a campanha voltada aos animais, que conseguira arrecadar quase R$ 100 mil em uma tarde, e outra voltada a arrecadar fundos para uma causa humana. 

Foi largamente demonstrado inconformismo pelo fato de pessoas doarem dinheiro para salvar porcos que afinal estavam indo para um matadouro, como se isso fosse uma inversão de valores.

Todo o sofrimento que esses animais estavam passando não contava, pelo fato de considerarem que as causas humanas são mais importantes e mais urgentes, e por se tratar tão somente de porcos criados para alimentação.

Por incrível que pareça também a morte do menino sírio Aylan uma semana depois do acidente com os porcos serviu de pretexto para que grupos voltassem a criticar quem se preocupa com animais. Agora o enfoque era de que os grupos de defesa animal não iriam fazer nada para salvar a vida de crianças vítimas do Estado Islâmico e que os defensores de animais estariam silenciosos diante dessa tragédia. 

O sentimento que se percebe é de que causa indignação a muita gente o fato de existirem pessoas que se preocupam com animais com tantas causas mais importantes para se defender, de acordo com essa visão.

A foto publicada da criança morta comoveu o mundo inteiro, chamando a atenção sobre a tragédia que se abate sobre essa população e serviu para uma mudança no rumo da política européia para os refugiados. A imagem dói, dói demais, e por que motivo uma pessoa que defende animais não se comoveria também? Impossível não sentir tristeza e indignação profunda diante desses acontecimentos.

Ficou evidente o oportunismo daqueles que se aproveitaram da tragédia para criticar quem milita pelos direitos animais visando diminuir uma causa que tem em seu centro seres de outras espécies e não a nossa. É como se suas vidas e sofrimento não tivessem nenhuma importância, afinal são apenas animais irracionais, mercadorias.

Defender os direitos animais não significa desprezar o sofrimento e as causas humanas.  Significa abraçar também a causa de quem não tem como se defender, buscando o reconhecimento dos seus direitos como seres sencientes que são.

Ao que parece, a preocupação maior não foi em relação ao drama dos refugiados, entre eles o pequeno Aylan, e sim uma oportunidade para atacar os defensores de animais, devido ao incômodo que esse ativismo causa.

Se estivessem realmente preocupados, estariam ali discutindo e debatendo o que poderia ser feito para ajudar a essa causa urgente, sugerindo propostas, pedindo opiniões sobre o que fazer,  qualquer coisa, menos aproveitar para atacar a causa alheia.

Há preconceito e comodismo nessa postura em não reconhecer os animais como seres dotados de valor e merecedores de respeito, da mesma forma como os humanos.  

Boa análise sobre a questão das querelas a cerca do caso dos porcos do rodoanel pode ser relembrada aqui.


Ana Maria Machado

09/09/2015