sexta-feira, 27 de maio de 2016


Hamburguer, milk - shake e duas vezes mais poluição do que um carro

Revista Super alerta sobre impacto da pecuária no clima 

Mas não reconhece direitos dos animais e nem aponta alternativas ao consumo de carne e leite

A Revista Superinteressante de maio (*) traz reportagem com dados alarmantes sobre o impacto da pecuária no clima, mais até do que a frota de carros, o que não é um assunto novo.

O mote é que o Impacto do gás metano (CH4) produzido no rúmen de bois e vacas é bem maior do que os cientistas pensavam, segundo a publicação. Considerava-se que o gás metano era 25% mais potente que o gás carbônico (CO2) na capacidade de gerar o efeito estufa. A novidade é que o cálculo atual eleva para cem vezes essa capacidade.

A contabilidade é que a produção do gás metano de todo o gado mundial é duas vezes maior do que a frota de carros, já que no mundo existe a mesma quantidade de bovinos e de cerca de 1 bilhão.

E ainda, que a vaca leiteira emite 20% a mais de metano do que o boi devido maior ingestão de calorias, portanto, os produtos lácteos causam ainda mais impacto do que a carne.  



Fazendo uma brincadeira descreve  então que a carne fica proibida, os animais são esterilizados, quem for pego com carvão no carro vai se dar mal e a criança que pedir brigadeiro vai levar umas bordoadas. E viveriam felizes para sempre comendo carne de porco e de frango que não são ruminantes, para terem as suas proteínas. 

Mas, voltando à realidade, sugere que até mesmo uma proposta de redução do consumo de carne bovina é considerada utópica no momento. Ora é o hábito alimentar, diz o autor. “Um mundo sem hambúrguer nem doce de leite é inimaginável para muita gente, inclusive para esse repórter, além do ponto de vista econômico”. 

Nenhuma menção às possibilidades do veganismo, do vegetarianismo estrito, das tantas opções de comidas sem ingredientes de origem animal. Nada de mostrar o outro lado, das pessoas que não comem animais e nem derivados e vivem muito bem, sim senhor. E nada de pensar os animais como seres sencientes e com direitos.

Enfim, sem nenhum vestígio de postura ética e atitude, não consegue vislumbrar nenhuma possibilidade de mudança. Afinal, os churrascos são feitos há 2 milhões de anos, relembram.

Após tantos dados, estatísticas, explicação de cientistas, a matéria não consegue enxergar nenhuma saída, a não ser, ora, a produção de carne, sem ter o boi, esse vilão, como um intermediário. Ou seja, a tal da carne de laboratório para um futuro próximo.

No Brasil, além da emissão de gases pelo rebanho há a contribuição do desmatamento para formação de pasto com as temíveis queimadas que aumentam as emissões. Esse fato também não sensibiliza a edição na busca da mudança de modelo. 

O Brasil exporta carne e soja e na conclusão da reportagem, de maneira alguma pode prescindir desses recursos econômicos. A mídia também não quer deixar de contar com o dinheiro da pecuária, pois nesse mesmo número da Super há uma publicidade do restaurante Barbacoa na contra capa frontal com um pedaço de carne assando.


Libertação animal - Nada vai melhorar tanto a vida na terra quanto a mudança do modelo de consumo na alimentação, que hoje é centrada na exploração e morte de animais, entre todos os outros usos que se fazem deles. Incorporar a ética aos animais trará imenso benefício a eles, hoje vistos como meros recursos e sem direitos, mas também será de grande impacto positivo para a humanidade. Há que se buscar essa educação e mudança. E hoje, já há o conhecimento disponível para que se faça essa transição.

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Seu hambúrguer aquece mais o clima do que o carro

(*) – A matéria da Superinteressante (páginas 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39) é de  Alexandre Versignasse (texto), Flávio Pessoa (design), Caroline Monteiro, Luiza Monteiro, Paula Gondim, Jéssica Ciornavei e Veronica Andrade (reportagem).

Ana Maria Machado
Maio/16